Medidas de prevenção à dengue, como a convocação de profissionais essenciais no combate à doença, foram debatidas em audiência pública da Câmara Legislativa do Distrito Federal, na manhã desta terça-feira (12), no plenário. O evento foi transmitido ao vivo pela TV Distrital (canal 9.3) e YouTube , com tradução simultânea em Libras.
O mediador do encontro, deputado João Cardoso (Avante), defendeu medidas eficazes de prevenção e combate à dengue, doença que se alastrou pelo país nos últimos anos. Ele pontuou que, em 2024, o Brasil enfrenta o pior ano de sua história em relação à doença, com 6,5 milhões de casos e mais de cinco mil mortes, sendo que o DF atingiu a maior incidência de casos de dengue no País, com 8,5 mil infecções para cada 100 mil habitantes, e 323 mortes.
Convocação de AVAS e ACS
Diante desse cenário, o parlamentar alertou que o período crítico é a estação das chuvas, que intensifica o risco de proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue. Por esse motivo, em outubro, ele solicitou ao governo a convocação de profissionais que atuam no combate à doença, como os Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (AVAS) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), pleito, inclusive, que ele havia feito nesse mesmo período no ano passado.
Na última sexta-feira (8), o governo autorizou a contratação de 400 Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde e 400 Agentes Comunitários de Saúde. Contudo, Cardoso considerou a medida “insuficiente” e pleiteou novos chamamentos.
Nesse contexto, o representante da comissão dos concursados para os cargos de AVAS e ACS, William Alencar, avaliou que essas recentes convocações são sinalizações positivas, mas acrescentou que os concursados estão confiantes no quantitativo anunciado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para o próximo ano, que prevê a nomeação de 1.350 agentes AVAS e ACS. Segundo Alencar, a atuação dos agentes é fundamental “na luta incansável contra o mosquito da dengue”.
Para o presidente do Sindicato dos Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde e Agentes Comunitários de Saúde do Distrito (SINDIVACS-DF), Iuri Marques, “a primeira medida eficaz de combate à dengue é a nomeação de servidores”, como os agentes AVAS e ACS. Ele elencou a intersetorialidade na gestão para gerar impacto positivo na população, bem como o trabalho em conjunto. Já o representante dos Agentes de Vigilância Ambiental em Saúde (AVAS), Wesley da Silva, pediu apoio para a reestruturação da carreira.
Também defendeu a valorização do servidor que atua na base o administrador regional de Sobradinho, Gutenberg Tosatte, que argumentou pela atuação conjunta com a população no combate à doença, ao citar ações preventivas, a exemplo do recolhimento de inservíveis.
Em linha tangente, a médica Fabiana Fonseca, mestre em Medicina de Família e Comunidade pela Fiocruz, que trabalha na Unidade Básica de Saúde 2 de Santa Maria, defendeu aqueles que atuam na ponta, como os agentes comunitários, que revelam as situações-problema em cada casa, a exemplo dos focos da doença. “A ponta para prevenir a dengue é o agente”, reiterou. A médica, que trabalhou diretamente no atendimento dos casos de dengue neste ano, classificou a situação vivida como “guerra”, e reforçou a importância da prevenção, que envolve educação e conscientização da população.
Em resposta, o secretário do Meio Ambiente do DF, Gutenberg Gomes, disse que ouviu atentamente as manifestações e endossou a relevância de ações conjuntas para superar diversas questões de “desequilíbrio ambiental”, ao citar os incêndios que ocorreram neste ano e o agravamento de doenças, como a dengue. Entre as ações preventivas, ele anunciou o lançamento de um plano de gerenciamento de resíduos sólidos nesta semana. “Para o meio ambiente não existem fronteiras”, afirmou.
Estratégias de combate
Por sua vez, o subsecretário de Vigilância à Saúde do DF, Fabiano dos Anjos Martins, observou que “a dengue é um problema de saúde pública” e apoiou ações coordenadas do governo para enfrentar arboviroses no DF. Nesse âmbito, ele discorreu sobre o plano de contingência da dengue diante do cenário de risco. Entre as estratégias, constam a análise sistemática do contexto epidemiológico da dengue, a vacinação contra a doença, o manejo integrado de vetores, que inclui visitas domiciliares para remoção e tratamento de focos e atividades educativas, a adoção do método wolbachia, além de ações complementares, como o monitoramento, por meio de hotspot, para identificar os locais onde ocorrem o maior número de casos.
Diversos participantes também se manifestaram na audiência, a exemplo de Larissa Cavalcante, profissional de saúde que atua na educação, que expôs sobre a importância de ações preventivas e saúde ambiental nas escolas, e Tiago Gomes, de Sobradinho, que tratou sobre vigilância ambiental.
Ainda durante a audiência, estudantes do Centro Educacional 8 do Gama apresentaram um projeto escolar de combate à dengue, denominado “extração e combate”, com base no uso da planta citronela.
Franci Moraes - Agência CLDF
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