“Este júri foi feito pra ti!”Acreditei na causa e mergulhei no processo. Maria casou ainda muito moça; tinha um casal de filhos pequenos; passou muito trabalho na vida até conhecer Z. A vítima acolheu Maria em sua casa, deu-lhe abrigo e assumiu seus filhos, no entanto, Z tinha um monstro guardado dentro de si que despertava sempre após o primeiro gole. Z era respeitado no bairro. Um policial linha-dura das antigas, que gostava de contar suas histórias de abuso de autoridade nas rodas de bar. Um homem grande e forte, com mais de um metro e noventa de altura e 150 quilos. Um verdadeiro tanque que, quando enfurecido, ninguém segurava. No início da relação com Maria, Z foi uma pessoa doce e dedicada, no entanto, com o passar dos anos, a verdadeira face daquele homem começou a ser desnudada. Primeiro veio um empurrarão, um tapa, as surras constantes em Maria e nos filhos. Naquela época, não existia Lei Maria da Penha e Z usava seu poder econômico para prender Maria que não tinha ninguém neste mundo além dos filhos. Maria estava encurralada, não tinha pra onde ir. Dez anos haviam se passado, contudo, a gota da água foi quando Maria pegou Z de surpresa se masturbando enquanto espiava, pelo buraco da fechadura, a enteada, agora adolescente, tomando banho. Ela xingou Z que, no mesmo instante, aplicou-lhe uma surra quando da abordagem e ainda lhe falou:
“A casa é minha! Não se mete!”Maria então começou a procurar outro local par morar. O dinheiro da venda dos doces não era suficiente para alugar um imóvel, pagar as contas e criar os filhos, mas ela estava decidida: não iria compartilhar o mesmo teto com aquele homem. Os filhos concordaram plenamente. Os três estavam prontos para ganhar o mundo. Infelizmente, Z descobriu o plano de Maria e, naquela noite, aplicou uma surra de tirar sangue nos três “fujões”. Gritos podiam ser ouvidos a distância, mas nenhum vizinho teve a coragem de ajudar aquela senhora e seus filhos. Eles apanharam (e muito) naquela noite. No outro dia, Z levantou sorridente e debochado, perguntado aos três se ousariam a ir embora. Maria respondeu que não e que tudo seria como era antes. Inclusive, informou a Z que no jantar iria preparar um arroz com galinha, prato que Z adorava, bem como iria servir uma ambrosia dos deuses, tudo para zelar pela paz do casal. A noite caiu e Z já chegou todo “botecado”. Maria dissimulou bem, dizendo que tudo estava certo. Serviu um prato reforçado para Z que comeu pouco e fora deitar completamente vencido pela cachaça. Maria tinha pedido para os filhos dormirem em uma amiga e, quando Z caiu no sono, ela não perdeu tempo e aplicou-lhe mais de trinta facadas. O quarto, antes branco, tornou-se vermelho sangue de Z. Após o ocorrido, Maria ligou para a polícia e se entregou, tendo sido presa em flagrante e encaminhada ao presídio feminino. Lá ela permaneceu recolhida durante um ano até a realização de seu júri. Na próxima coluna, vou contar como fora o julgamento e o resultado do plenário. Coisas inexplicáveis aconteceram. Esse júri foi um divisor de águas na minha vida como advogado criminalista! Até semana que vem! Feliz Dia das Mães! Fonte: JusBrasil - Por Jean de Menezes Severo
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